quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
minuncias de uma obra
Até quando se escreve sem qualquer pretexto algum uma produção está vulnerável à interpretação minuciosa, aquele que vai além do que se vê.
Nestor Accioly ( sem dúvida um mestre em minha vida) ensinou-me esta tarefa de maneira ímpar, inclusive existe o termo adequado para tal estudo do texto, mas a mobral aqui esqueceu totalmente agora...
Continuando, Nestor diz algo parecido com isso: "Quando você entende um texto, você é bom. Quando você vai além, você é mais." E esse comentário me fez lembrar que há alguns anos, vi uma propaganda numa revista a qual tinha uma praia lotada de pessoas e uma ilha com duas ou cinco pessoas e ela dizia o seguinte: "A informação que você tem é o que determina se você está aqui (apontando a praia lotada) ou aqui (as 5 pessoas da ilha)" compreende a sutileza dessa frase?
A interpretação é algo preciosíssimo... ela distingue o olhar do ver, o escutar do ouvir, o perceber do entender...
Para mim, essa luz se mostrou acesa quando li o menor poema já escrito.
Uma produção de Oswald de Andrade que se limita a um título e a uma palavra:
"Amor
humor"
E eu lembro que há 2 anos li isso e pensei: "que coisa mais idiota"
E você vê o que é o amadurecimento quando você resolve sair das trevas e fazer o estudo...
Gente, quando eu reli isse poema esse ano, eu fiquei boba com tamanha precisão de Oswald ao definir o amor assim, pq é isso mesmo...
Pensa, o humor é a maneira de expressar aquilo que está sendo sentido; amor, o sentimento. Como causa e consequência, entende?
Deixe-me ser mais exata...
Amor é ocasionador de diversos tipos de humor. Por amar você pode ficar feliz, triste, confuso, inseguro, amargo, gentil, empolgado, depressivo...
deu pra entender?
O amor é a holding que fabrica diversos tipos humores.
aiai, nada como sair das trevas...
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